ODE A UM MENINO
Francisco Alber Liberato
Antonio Rodrigues Filho
Um menino de uma ilha
Banhada de maravilhas
Dentre rios intermitentes
Que por vezes são torrentes
De um lugar onde o sol brilha
E a moleira inda fervilha
O ano inteiro todo dia
De onde a chuva se desvia
Um menino nefelibata
Sobrevivente da chibata
Só sonhava em trabalhar
E a família ajudar
Era uma criança sensata
Estudante autodidata
E com muita lucidez
Um homem ele se fez
Comendo poeira labutou
E sua família ele ajudou
Transformando cada lida
Numa vitória agradecida
Das pontes pinotou
Muita bola ele jogou
Com grande sensatez
Superou a timidez
Cruzava as ruas a pé
Vendendo cocada ou picolé
E como adulto negociava
Bolos que sua mãe fatiava
Pescou de landuá ou jereré
Com sua avó torrou café
Pelou arroz no pilão
Fez faxina no sertão
Com muita fé ele venceu
E a vitória apareceu
Pois foi romeiro viajante
Naquele sol escaldante
Foi assim que aconteceu
Trabalhando ele cresceu
Da labuta fez-se o pão
Do menino o cidadão.