Ela sumiu

Ela sumiu faz três dias, levou suas roupas deixou a cama tão fria. Que noite vazia; Idéia não fazia! Foi embora na calada da noite, botou seu tênis e saiu por aí. Quer se encontrar, não depender mais de mim, enfim, não sei o que fiz e, sim, dói demais e essa solidão volta a atacar, justamente agora, os planos que fizemos, como ela os jogou fora. Ora, como tudo vai ser? Todo o sentido da vida, subidas e descidas, sem ela como vou viver?

Está chovendo e ela lá fora, mas não faz mal está coberta com suas razões, aquecida com inferno interno que ela criou!

O paraíso; vida eterna ela abandonou!

Será que ela voltou a morder a maçã de vidro?

Fugiu envergonhada, acredito. Que mito! Ela não é assim."Vergonha deve ter quando quer e acaba por não fazer!"

Dizia ser lema, era uma garota problema, independente, cheinha de si.

Ganhava o mundo quando começava a sorrir. Lembro dos teus olhos grandes, adorava me perder na imensidão que é o teu olhar. Era teu, não tinha jeito. Nossas noites terminavam com sua cabeça no meu peito.

O tempo em que tudo era nosso, guarda sempre alta, cabeça pra cima, me acabava com esse seu jeito, menina!

Não era só um "X" no mapa do pirata, não era um baú com moedas de ouro, era a terra prometida, muito mais que um simples tesouro.

Patrimônio do universo, agradecia toda noite aos meus guias por ter sua companhia, fazer parte da sua felicidade.

Nada nos parou, nem a rotina com sua comodidade.

Sempre era o chato, muito otimista: "Tudo depende do seu ponto de vista!",

Costumava dizer. Você ficava puta, chegava a enlouquecer. Me via tão calmo e esperançoso esperando enquanto as coisas estavam a acontecer.

Queria brigar, discutir e eu nem ligava. Essa noite tudo isso me faz falta! Agora que é madrugada, você deve estar deitada em alguma calçada, ou pior, alugando teu corpo.

Não podia te obrigar a ficar, eu lutei pra tirar isso, mas não podia ter que querer por você. És dona de si, era só coadjuvante ao lado da principal. Tínhamos tudo, não sei o que faltava, não sei achava a sua vida sem graça, nunca reclamou!

Se estou, se fico, se vou ou não vou!

Eu não queria te ver assim, mas, afinal você era livre. A independente ficou dependente, e os olhos que eram grandes agora só pupilas dilatadas. Descola algum em qualquer canto da vila Marta. Se perdeu do que era, irreconhecível está aquela menina bela.

E, logo agora, virou news nacional, encontraram teu corpo em algum matagal. Estava devendo na biqueira, o troca com seu corpo não era o suficiente, seus clientes viciados doentes não tinham dinheiro pra pagar e ela pagou ao chefe com a vida. Nesta terra grande somos apenas formigas.

Eu fui atrás e dela e me dispensou, os "walkings" me botaram pra correr. Ela não queria minha ajuda no início ou meio, e por fim, tudo depende do seu ponto de vista. O nosso horizonte, tinha uma linha tênue e uma espada com o fio afiado.

Aqui agora não mais o mesmo, foi embora a prometida.

Da crueldade do destino sou réu, o Paraíso está no céu!