MEU VELHO NOVO AVÔ
Muito “sóis” já despontaram
nas auroras dos janeiros,
muitas rubras rosas desabrocharam
perdidas pelos grandes canteiros;
A poeira da estrada da vida recobriu
a luz da juventude que passou,
os dias voaram quase ninguém viu!
A capa acetinada reluzente
esvoaçou entre trinta, quarenta, cinqüenta anos,
hoje o brilho é diferente,
não suporta mais tantos panos;
Ali sentado naquele banco,
perdido em devaneio mil,
gracejos de um saltimbanco
___ Olha lá um senil!
Nem liga, nem ouviu,
a alegria vem num instante
pelo jardim correndo distante
o seu momento predileto,
o petiz esbaforido chega e diz: “meu vovô!”
O velho com voz embargada retruca: “Meu neto!”
Abre um largo sorriso envolvente,
O sangue se agita nas veias,
a juventude flui novamente.
07/03/07
ANDRADE JORGE
Dedico à José Lessa, e seus netinhos.
O amigo mora em Portugal.