VIAGEM EM FOGO
(Encontro de almas em chamas)
(Sócrates Di Lima)
Na noite que o meu tempo principia,
Deixo-me levar pela fantasia,
No dorso de um imaginário pássaro que me alicia,
Levanto voo na minha poesia.
E o vento da noite me toma,
Frio e intenso sopra minha tez,
O corpo rígido absorve o aroma,
Que a brisa deixou na minha noite outra vez.
E veio de longe a fragrância da saudade,
Misturada no veneno do desejo,
E a vontade de ir além me invade,
Para me tomar de súbito na viagem de um beijo.
E esse beijo eu, tanto dei....
Repousa na sensualidade do lábio quente,
Que também deseja os meus, eu sei...
Mas, longe de olhos fechados, sente.
E nesses lábios a boca é louca,
Esperando o beijo selvagem,
Com a língua voando no céu dessa boca,
Despertando os sentidos da libidinagem.
É nesse voo que minha alma se entrega,
Meu corpo em calafrio não espera,
Nas asas do desejo o prazer carrega,
Para entregar nas entranhas de uma quimera.
Ah! que aos raios da Lua que rasgam nuvens negras,
A luz dos olhos dela é que ilumina o caminho,
Talvez na janela, quebrando todas as regras,
Espera-me no encontro louco do ninho.
E assim, as asas do desejo atravessa o horizonte,
O corpo sedento voa em rasante passagem,
Na ansiedade que lhe suga o desejo à fonte,
Não tem paciência a esperar o fim da viagem.
Ah! que voa sem olhar para trás,
Nos olhos cegados pelos ventos a miragem,
Do corpo arrepiado que queima e traz,
Fragrâncias da pele molhada a espera no fim da viagem.
E nessa viagem minha alma voa,
Meu corpo trêmulo no desejo dos abraços,
O coração em melodia entoa,
O Cântico do amor que esperam os braços.
Em devaneios sigo queimando em labaredas santas,
Que não ardem e nem sangram no voo da coragem,
Mas, se contorce em vontades tantas,
Que insanamente cre no prazer selvagem ao fim da viagem.