Não, nunca me esqueci de você
(para Dani)
Na última vez
Bati a porta bem devagar
Sem alarde
Lá fora a lua embrenhada nas nuvens
Os carros roncando
As risadas nos bares
E eu titubeava embriagado do seu gosto último
Por muito tempo fez frio
Custei a aceitar o sol
E qualquer um outro abraço quente
Desaprendi a poemizar a vida
Eu sei
Fui inconsequente
Não percebia que tudo era tão frágil
Quanto as asas de uma vida
Tão sutil quanto o sorriso de uma criança
E tudo tão breve
Quanto o piscar de olhos
Por muito tempo fui rio
Sem destino de mar
Do ponto de partida
Ao porto sem chegada
Eu sei
Fui malevolente
Não percebia o quanto doce era seu coração
E por tempos amarguei a saudade
De alguém que ainda podia estar aqui
Não, nunca me esqueci de você