RADIOUVINTE
RADIOUVINTE
Que saudade dos meus tempos de radiouvinte,
numa caixa acústica incandescente pelas válvulas,
captava-se a voz do locutor e dos reclames,
que patrocinavam a apresentação dos artistas.
Ouvia-se o clamar do patrocínio repetido,
que se tornavam reclames, de viva voz,
pois não havia o recurso da gravação.
Era cômica a locução de tantas propagandas.
Quem não se lembra dos reclames:
“Maria sai da lata que na lata tem barata!”
“Já tomou seu Toddy hoje?”
Entre tantas outras que se tornaram antológica.
E as novelas de então, dramalhões apresentados,
ao vivo, sob contrarregra perfeito, imitando:
chuva, trovão, relâmpago, campainha, tiro,
vento, passos, porta batendo, vidro quebrando.
Era preciso licença tal qual radioamador.
Só desligávamos no horário do Brasil,
sobre o prefixo da Opera o Guarany,
herança Getulina dos idos da ditadura.
Chico Luz