RADIOUVINTE

RADIOUVINTE

Que saudade dos meus tempos de radiouvinte,

numa caixa acústica incandescente pelas válvulas,

captava-se a voz do locutor e dos reclames,

que patrocinavam a apresentação dos artistas.

Ouvia-se o clamar do patrocínio repetido,

que se tornavam reclames, de viva voz,

pois não havia o recurso da gravação.

Era cômica a locução de tantas propagandas.

Quem não se lembra dos reclames:

“Maria sai da lata que na lata tem barata!”

“Já tomou seu Toddy hoje?”

Entre tantas outras que se tornaram antológica.

E as novelas de então, dramalhões apresentados,

ao vivo, sob contrarregra perfeito, imitando:

chuva, trovão, relâmpago, campainha, tiro,

vento, passos, porta batendo, vidro quebrando.

Era preciso licença tal qual radioamador.

Só desligávamos no horário do Brasil,

sobre o prefixo da Opera o Guarany,

herança Getulina dos idos da ditadura.

Chico Luz

CHICO LUZ
Enviado por CHICO LUZ em 21/08/2019
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