Desperdício
[Desperdício]
As horas que se arrastam num constante vaguear
No prenúncio da ausência cinzenta.
E o sol até queria se mostrar,
Mas, sem inspiração, nem tenta.
O silêncio mórbido sobre a cidade,
Nem mesmo passarinhos se fazem ouvir.
Minha mente agora só reclama,
E os versos mais modestos não me querem sair.
E a chuva, melodia dos dias de inverno
Que cai e perfuma a terra criança,
Despertou o meu mostro interno
Que grita, em desesperança.
No espelho, as marcas do sono,
De uma noite a praguejar impropérios,
Mas, partiste, levando contigo,
Todos os adjetivos e advérbios.
Ao final das 18 horas de asilo total,
Resignada à superação do vício,
Em abstinência, sorrirei ao meu mau,
Pondo fim à este cruel suplício,
De um dia sem você, total desperdício.