A poesia é uma canoa
Há águas revoltas
que acendem sentimentos profundos
Há águas plácidas
que nos remetem a contemplação 
do infinito 
A poesia é uma canoa.
A palavra é o remo.

E o lirismo é outro remo.
As vezes andam harmônicos
As vezes andam dissonantes
E sonâmbulos a vagar por entre silêncios,
pausas e fonemas.
E, inconscientemente
revelam tudo que queríamos
e não queríamos dizer.

A poesia é uma canoa
E nos leva a flutuar sobre o improvável.
Ao amor clandestino.
Ao ódio discreto e destilado.
A gole seco da saudade.
E, a palavra entrecortada de pausa e dor.

E, a bordo de sua leveza
posso contemplar mares, insgnificâncias e
gavetas desarrumadas.
posso me contentar com segredos, com trajetos,
mapas e tesouros perdidos.

A juventude passou.
A maturidade passou.
Restou esse ar de dejà-vu
E leitura sussurrante do script já decorado.
A reprise de afetos e emoções.
E, ao final da jornada.

Quando o lirismo aporta à margem da solidão.
Vem o tempo e sorri
com a chuva miúda e redinha.
Transforma lembranças em eternidades
E lições em páginas de aprendizagens soltas pelo
chão do mundo.

Tomara que a canoa não vire.
Tomara que consiga navegar
pelos sete mil mares infinitos
de minha consciência.
E, que ainda acorde lúcida e pronta
para sobreviver
por apenas mais um minuto.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 09/08/2019
Reeditado em 15/08/2019
Código do texto: T6715857
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