Saudade do Hoje
Saudade do hoje.
Hoje tenho saudade da família ao redor da mesa,
Das conversas e discussões, ali resolvidas, Sentados frente a frente, em cadeiras.
Tenho saudade dos abraços dos ausentes,
Do contato físico,
Do olho no olho.
Do cheiro da comida da vó.
Recordações tão vivas,
Que na garganta chega a dar um nó.
Brincadeiras de rua,
Pega pega, esconde esconde, mana mula,
Dos jogos por nós inventados,
Outros popularmente criados.
Da traquinagem nos muros dos vizinhos,
Geralmente andávamos em bando,
Nunca estávamos sozinhos.
Hoje criticamos o excesso do celular,
Vida virtual, não se põe a mesa para jantar.
As músicas que no rádio tocam,
São barulho, ninguém as ouve cantar,
E as danças esquisitas,
Só por o bumbum para rebolar.
Mas amanhã?
Do que saudade irão sentir?
"Bons tempos aqueles em que vivíamos nos celulares,
Falávamos com amigos e jogos marcavamos,
Mesmo distante, estávamos lá.
A sala que nos reunirmos,
Hoje só resta o sofá,
Cada qual em seu mundo,
Havia presença, estávamos lá.
Ouvíamos músicas,
Sabíamos rebolar,
E o nosso bumbum,
Prá lá e pra cá.
Hoje ninguém se olha,
O mundo deu uma reviravolta,
Celulares não existem mais,
Vidas são criadas em jogos virtuais.
Cada qual em seu módulo,
E um destino a criar,
Se escolhe vizinhos,
Até o par para casar.
Não tocam mais músicas,
Ninguém vive a dançar,
Não se encontram em vida,
Esperam a morte chegar."