Coimbra B
Onde se chora uma partida
Uma dor que não parece mais acabar
Onde com outro tipo de lágrimas
Se comemora o regresso
De quem
Depois de partir
Conseguiu voltar
Onde se parte para o mundo
Com vontade de o conquistar
No mesmo espaço que nos recebe
Quando a saudade foi demasiado forte
Para que a pudéssemos suportar
Estação sem tempo
Que vê o tempo por ela a passar
Quando reparamos
Ao tocarmos no rosto
De antigos conquistadores do mundo
E ao sentirmos mais uma ruga
Caminhos que o tempo marcou na pele
Enquanto nela
Quase nada muda
E ela lá está
À nossa espera
Ela lá está
Imune aos regimes
Aos políticos
Às ideias
Que tanto a quiseram destruir
Por a considerarem obsoleta
Como a quiserem preservar
Por ter demasiadas histórias dentro de Si
E por isso ser demasiado bela
Ela lá está
Nunca deixará de estar
Porque um dia
Se tiver que partir
Para onde hei-de voltar?
Nota: Coimbra B é a principal estação de comboios da cidade de Coimbra, cidade com uma das mais antigas Universidades do mundo, e também antiga capital de Portugal, nos tempos da reconquista cristã.