Coimbra B

Onde se chora uma partida

Uma dor que não parece mais acabar

Onde com outro tipo de lágrimas

Se comemora o regresso

De quem

Depois de partir

Conseguiu voltar

Onde se parte para o mundo

Com vontade de o conquistar

No mesmo espaço que nos recebe

Quando a saudade foi demasiado forte

Para que a pudéssemos suportar

Estação sem tempo

Que vê o tempo por ela a passar

Quando reparamos

Ao tocarmos no rosto

De antigos conquistadores do mundo

E ao sentirmos mais uma ruga

Caminhos que o tempo marcou na pele

Enquanto nela

Quase nada muda

E ela lá está

À nossa espera

Ela lá está

Imune aos regimes

Aos políticos

Às ideias

Que tanto a quiseram destruir

Por a considerarem obsoleta

Como a quiserem preservar

Por ter demasiadas histórias dentro de Si

E por isso ser demasiado bela

Ela lá está

Nunca deixará de estar

Porque um dia

Se tiver que partir

Para onde hei-de voltar?

Nota: Coimbra B é a principal estação de comboios da cidade de Coimbra, cidade com uma das mais antigas Universidades do mundo, e também antiga capital de Portugal, nos tempos da reconquista cristã.

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 30/07/2019
Reeditado em 30/07/2019
Código do texto: T6708232
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