FAUNA DOS SONHOS

O tempo levou-me os sonhos,

Tantas esperanças,

Retratados em desejos mil,

Na fértil imaginação de criança.

Como era feliz e não sabia!

Sem máscaras, sem disfarces...

Apenas eu mesma: sorriso escancarado,

Correndo ao vento,

Aos píncaros dos folguedos do meu tempo.

No céu talhado de nuvens, bordava as fantasias

Com os flocos dançarinos de algodão.

E as mágicas aconteciam,

Em carruagens, reis e rainhas,

Príncipes e lagos encantados.

Foram-se os anos, tão rápidos, tão velozes,

Até que me descobri adulta.

Vi, com tristeza, que o sol radiante

Havia mutilado as nuvens,

Os flocos de espuma, a fauna de sonhos,

Esconderijo dos meus desejos.

Em troca, restaram-me meras coisas,

Sem formas, vazias,

Dispersas em fumaça, em dores,

Que poluíram o azul de minha vida.

O horizonte, nem sei se existe mais.

Quisera ter impedido o sopro do vento.

Quisera ter retido as nuvens do meu tempo.

Genaura Tormin
Enviado por Genaura Tormin em 03/11/2005
Código do texto: T66976
Classificação de conteúdo: seguro