Pobre Coração

Em um dilúvio de ideias,

Tudo o que me resta

É pensar nela.

Enquanto os dias passam,

E as noites me solapam

Busco refúgio, como um cãozinho assustado,

Em memórias aconchegantes, esperando reparo.

Exangue, diante a um sorriso vibrante,

Enlouqueço-me, deslumbrando o vermelho brilhante

Agonizada e desamparada, a triste saudade clama teu nome

"Donzela, para onde fugiste? Cansou-se deste teu amante?".

E, tal como Carolina

Musa, pudera eu audaciosamente chamá-la de minha

Transformaste na rainha de meu xadrez

Em águas, longínquas, em escassez

E, em olhos do vira-lata, preto e branco,

Resumo meu mundo sem "você".

Aguentei por horas a fio os gritos de solidão

Mas, o meu coração se encontra sem guarnição

Incapaz, pobre coitado, de se defender

Incapaz, pobre coitado, de se compreender

E, tudo o que ele consegue dizer, em desolação

Confesso, em murmúrios, não conseguir escrever

"Irei te amar em direção ao horizonte,

E jamais haverei de te esquecer".