Saudades

Às vezes se torna um conto cômico

Se lembrar de alguém que não irá voltar

Acaba por se transformar em algo momentâneo

Assim como um beijo que jamais voltarei a sentir

Aqueles lábios macios que jamais irei usufruir

Curvas que minhas mãos nunca mais poderão conduzir

Tudo o que resta é um pobre coração infeliz.

E, em demasiada expectativa

O abandono me deixou em profunda agonia

E, talvez sem um bilhete ou recado,

Aquela tristeza que eu julgava ter superado

Hoje está aqui, bem do meu lado

Sussurrando palavras que provocam lágrimas

Lágrimas em depressão, vazias, sem bela emoção

Debulhando-me, recordo outros contos, que pensava serem eternos

Assim como aquela frágil pétala,

Que prometera ficar comigo em inverno, e que se fora bem antes

Agora me vejo em péssimo semblante

Implorando que, em misericórdia, eu tenha mais uma chance

Peço apenas mais uma, desejando ardentemente um único romance.

A caneta começará a se revoltar

Em versos e páginas eu a abuso, sem parar

Sem folga, sem férias, noites a madrugar

Mas, ela sabe que, se eu a soltar

Eu irei me afogar, em mares sem horizonte

Mas deixarei no sótão este ser repugnante.