Lago azul
Era tarde de domingo, a água calma
Na cachoeira da fazenda caia
E o monjolo o milho a quebrar
No lago azul que embaixo se formava
Peixes coloridos nadavam, parecendo
Com a beleza da natureza brincar
Eu, menino levado, parava e debruçava
Sobre a ponte para assistir ao memorável
Espetáculo, que me tirava da realidade
E me transformava em pura emoção.
Mas logo vinha minha mãe a esbravejar:
Vamos menino, temos muito que andar
O lugar onde pretendemos chegar ainda
Está muito longe, a chuva pode cair
É fim de tarde e não demora à lua brilhar!
Lentamente eu da ponte me levantava,
Batia a poeira e corria para alcançá-la
Naquela longa estrada, mas a imagem
Da cachoeira e dos peixinhos coloridos
À lembrança insistiam em ficar.
Depois de tanto tempo, aquela beleza
Em mim ainda persiste e toda vez
Que me aproximo dum riacho, ponho-me
A perguntar, por que, meu Deus, que
O espetáculo do cotidiano atirou-me
Na solidão dos que não sabem amar?