AMANHECI ASSIM
Ah dona Ester, hoje, amanheci assim:
Com saudade do cheiro do seu café,
que logo de mãnhazinha vinha me acordar
Com saudade da hora do almoço, que com um sorriso no rosto e uma colher de pau na mão a senhora amassava o feijão
Com saudade da boquinha da noite, que na rede da varanda olhando as estrelas ficava, seu olhar profundo a gratidão cheirava
Com saudade do seu cheirinho de alecrim, de patchouli que tanto senti ao te abraçar
Com saudade da sua alegria ao ver seus gatos em volta na hora de alimenta-los
Com saudade do seu jeito puro de me gritar, "Lua, passa pra casa menina, senão tu vai apanhar"
Com saudade do seu jeito simples e sábio de nos ensinar, que da vida só devemos carregar o que couber no coração sem machucar
Com saudade das cantigas antigas do seu tempo de menina que eu te ouvia cantar
Ah mãinha, que saudade da sua face macia, que hoje não posso mais beijar
Mas sei que estás comigo, ainda que meus olhos físico não possam te alcançar
Te amooo, minha mãinha!