OLHOS PERDIDOS

A alta madrugada,
A incerteza,
A luz acesa,
Talvez, a única da localidade,
A casa empoeirada,
A garrafa de vinho tinto,
O cálice pela metade,
As suas fotos espalhadas,
Sobre a mesa,
A vitrola ligada,
A canção repetindo o que sinto,
Uma saudade desgraçada,
Uma vontade de alegrar a harmonia,
Ter você além das fotografias,
Além das lembranças do eu labirinto,
Mas, o que eu sinto; você não sente,
Sorvo mais um cálice, sofro sozinho,
Por um sonho de amor extinto.
O meu olhar reticente,
Se perde na tonalidade do vinho,
E eu não sei aceitar o fim,
Não sei que fazer, com o verbo amar,
Com a sua essência pairada no ar,
Não sei o que fazer de mim.
                  ... Vou chorar - pressinto.