Preciosidade

Sinto uma fragrância nostálgica,

Um toque que leva

Para bem distante no passado.

Muito mudou na

Constelação em que

Espelhávamos em seu brilho.

Fui o centro o qual

Aqueles sentimentos

Giravam em torno.

Restou somente a lembrança

Que seguro com força

Em minhas duas mãos.

Assim como o céu escarlate,

Os momentos apenas são

Para olhar bem de longe.

Ainda toca nas estações de rádio

Aquela música que

Adotamos como descrição nossa?

Ainda conta os dias

Para o final de semana

Ou para o próximo feriado?

Ainda vive como se

Não houvesse o amanhã

E não existisse o ontem?

De vez em quando

Tento imitar a pessoa

Que estava em minha pele.

De vez em quando

Tento ser nada além

De partes dela.

E de vez em quando

Me esqueço que

Você talvez sinta o mesmo.

Fora tudo sobre o que

As ondas do mar puderam

Nos tirar e nos dar.

Entre estações

Que vão mudando

Em ciclos breves.

Você cresceu,

Amadureceu pelas

Amarguras da vida.

Mas ainda há

Um gosto doce

Em sua presença.

Pois dos laços partidos,

Você pôde dar nós

Em suas partes divididas.

E mesmo sabendo disso,

Ainda quis que tudo fosse

Como era há seis anos.

Os domingos ensolarados

Não cintilam das janelas

A mesma cor dourada de antes.

Não possui o mesmo aroma

A terra molhada

Pela forte chuva de abril.

Não se compartilham

Sensações despidas de hesitações

Como a antiga e vil turbulência.

Mesmo que não admita,

Isso também é algo

Que grita dentro de ti.

Esse seu silêncio

É o reflexo sem palavras

Do que lhe digo.

Não há como ignorar

Isso que nos leva para

Diferentes lugares no tempo.

É algo para ser

Cultivado, cuidado

E compartilhado.

O pedaço mais precioso

Que coexiste em nós

Sem o nosso conhecimento.

A coisa mais bela

Que sempre estará

Infinitamente além de nós.

Daniel Yukon
Enviado por Daniel Yukon em 14/04/2019
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