Preciosidade
Sinto uma fragrância nostálgica,
Um toque que leva
Para bem distante no passado.
Muito mudou na
Constelação em que
Espelhávamos em seu brilho.
Fui o centro o qual
Aqueles sentimentos
Giravam em torno.
Restou somente a lembrança
Que seguro com força
Em minhas duas mãos.
Assim como o céu escarlate,
Os momentos apenas são
Para olhar bem de longe.
Ainda toca nas estações de rádio
Aquela música que
Adotamos como descrição nossa?
Ainda conta os dias
Para o final de semana
Ou para o próximo feriado?
Ainda vive como se
Não houvesse o amanhã
E não existisse o ontem?
De vez em quando
Tento imitar a pessoa
Que estava em minha pele.
De vez em quando
Tento ser nada além
De partes dela.
E de vez em quando
Me esqueço que
Você talvez sinta o mesmo.
Fora tudo sobre o que
As ondas do mar puderam
Nos tirar e nos dar.
Entre estações
Que vão mudando
Em ciclos breves.
Você cresceu,
Amadureceu pelas
Amarguras da vida.
Mas ainda há
Um gosto doce
Em sua presença.
Pois dos laços partidos,
Você pôde dar nós
Em suas partes divididas.
E mesmo sabendo disso,
Ainda quis que tudo fosse
Como era há seis anos.
Os domingos ensolarados
Não cintilam das janelas
A mesma cor dourada de antes.
Não possui o mesmo aroma
A terra molhada
Pela forte chuva de abril.
Não se compartilham
Sensações despidas de hesitações
Como a antiga e vil turbulência.
Mesmo que não admita,
Isso também é algo
Que grita dentro de ti.
Esse seu silêncio
É o reflexo sem palavras
Do que lhe digo.
Não há como ignorar
Isso que nos leva para
Diferentes lugares no tempo.
É algo para ser
Cultivado, cuidado
E compartilhado.
O pedaço mais precioso
Que coexiste em nós
Sem o nosso conhecimento.
A coisa mais bela
Que sempre estará
Infinitamente além de nós.