“Meu melhor poema”

Roma, 25/03/2019

Tenho

Guardado

O meu melhor

E também

Um Poema

Poema

Que na verdade

Não escrevi

Nem vou escrever

Não espere entender

Não agora

É preciso vivê-lo

Necessário sentir

Tão belo

Tão puro

Do coração de um impuro

Igual

Jamais verá por aí

Ele fala

Sem palavras

O que nenhuma alma

Nobre colega

Compositor

Filósofo

Poeta ou peralta

Ousou

Ousará

Ousaria

Dizer por mim

E sem cair

Em vãs filosofias

Sem nenhuma

Metafísica

Digo te

Grande amiga

Não são rimas

Não espere versos

Nem mesmo frases

Tão pouco encontrará

Alguma crase

Nenhum relato

Ou fato

Do passado

Ou do porvir

Sem linhas

Vírgulas

Grafite ou tinta

Não rabiscaria

O que ouso sentir

Ele não existe

Não é concreto

Muito discreto

É como o ar

Não escrito

Nem falado

Não manchou

Nenhum papel

Não pode ser rasgado

Apagado

Declamado

Cuspido

Ou profanado

Eu o vivo

E te digo

O viverá

Junto a mim

O verá

Através de mim

Da minha alma

Enfim

Meu melhor poema

O mais profundo

Tão seu

Como meu mundo

É

E sempre será

Tudo

Tudo o que tenho

A partilhar

Contigo

Não se descreve

O que se deve

Ou deveria;

Compartilhar

Somar

Multiplicar

Dividir

Entregar

Sem calcular

Sem subtrair

Cumprir

Zelar

Em paz

Fazer dormir

Ao invés de palavras

Ofereço atitudes

Pelo menos

Para acompanhá-las

Nos Detalhes

Aos miúdes

Sem jogos

Nem ciladas

Elas

As atitudes

É que te farão

Me ouvir

Vir

Me ver

Ficar

Me ler

Sorrir

As tenha também

Por mim

Por nós

Por ti

Quero ficar

Me ajude a cuidar

Da gente

Das gentes

De mim

Palavras lindas

Ditas

Escritas

Mal resolvidas

Escondidas

Tão cheias de nada

Vazias

Caladas e frias

Não espere de mim

Esse poema

Mulher

Companheira

Luz

Estrela guia

Guerreira

Não teve começo

Como não terá fim

O amanhã

Será hoje

E amanhã

Outra vez

Mas serei

Sempre outro

Melhor

Você também

Espere por mim

Mas vá onde tiver que ir

E quando voltar

Saiba

Sempre será

Bem vinda

Aqui

Sempre

Cara

Tão rara

Alma amada

Melhor amiga

Trilharemos juntos

Com a mesma mala

Essas riscas

Alguns riscos

Tantos versos

Entre linhas

Coxas e saias

Beijo na testa

As mãos sempre dadas

Cada dia um parágrafo novo

Transformado em estradas

Tantas vias

Uma só linha de chegada

Te espero

Para nossa aventura

Entre estrelas

Em meio a ruas

Nas cachoeiras

A beira mar

Meditando

Escalando montanhas

Aprendendo a amar

Dentro de ti

Sempre que puder

Não importa o lugar

Com sol ou chuva

Miragens ou desertos

Em qualquer metrópole

No menor vilarejo

Sem nenhum castelo

Dispenso telhados

Quero a vista do céu

Nada que nos pese

Atrapalhe a viagem

Te quero

Sempre nua

Duas essências

Ligadas

Fundidas

Em uma

Desejo

Histórias

Memórias

Bagagens

Vidas

Cidades

Vinhos

Poemas

Problemas

Livros

Amor

Sacanagem

Viagens

Músicas

Teatros

Amigos

Danças

Filmes

Lutas e brigas

Que valem

Não queria te cansar

Mas achei necessário

Veja como seria impossível escrever

O quanto sinto falta

De ti

Da tua amizade

Termino esses versos

Com um último detalhe

O poema não tem nome

Mas por enquanto

O chamo

Saudade.

o sarto
Enviado por o sarto em 25/03/2019
Reeditado em 14/04/2020
Código do texto: T6607206
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