Memórias vãs
O cheiro do arroz queimado passava desapercebido pelos corredores de sua memória.
Ela ainda insistia com os cheiros das lembranças das tardes de domingo, do álbum de fotografias, dos beijos que jamais esquecera...
Não. Nada queimou em suas memórias.
Com a noite chegando ela sentia que o frio estava perto. Era assim que acontecia há mais de um mês.
Fevereiro foi um mês para ser esquecido. Mas, ela não queria, não suportava a ideia de acordar.
Acordar era morrer sem uma história, sem um sorriso, sem viver as rotinas das manhãs quentes ao teu corpo.
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Um copo na mesa
ma folha em branco,
Um colapso na memória.
.
A caneta sem tinta,
O céu sem cor
Os olhos embaçado
Um dia sem amor.
.
Um dia sem amor é um dia sem viver.
E por um momento, um instante daquele momento, como uma fração de segundo, como a velocidade da luz. Ela se deu conta que estava morta. E agora o que lhe restava era viver.
Cristina Rodrigues
12/03/2019 às 11:38