DOCEMENTE (P/ Giullia)
Peregrinei. Vim de longe.
Andei tonto até aqui.
Agora no peito ocorre
Essa vontade de partir.
E quando digo 'partir',
Quero outro lado da ponte;
Outra estrada construir,
Qual pedra que faz o monte (?).
Desconhecer novos ares,
Dessofrer o que sofri.
Desalugar os lugares,
Desencantar, desistir
De ansiar retornamento;
Crendo que um dia a verei,
Como que, do firmamento,
Descendo mais uma vez
E sussurrando "querido,
não tenhas raiva de mim!
O tempo não tem sentidos,
Inícios, meios ou fins!
Não quis te deixar aflito,
Nem zombar do teu querer;
Voei por vastos desertos
Que precisei conhecer,
Antes de trazer-lhe o sumo;
A melhor parte, o superno:
Minhas mais doces pitangas
E trocadilhos eternos"
Misantrópico, eu acordo
Num sopro de solidão;
Solitário, sobretudo,
Do toque da tua mão;
Minha postura acordada,
Insatisfeita e ingrata,
Aponta a luz pro vazio:
E a tua ausência, resgata.
e maltrata
e maltrata
e maltrata
e maltrata...
E passa por mim um rio!
Arranca-me a tua corrente,
Me arrastando terna e vil!
Me afogando lentamente...
Me matando... me matando...
Me matando docemente.