Infância
INFÂNCIA
Esse som que cai no telhado suavemente aguça a minha mente
e me faz por um instante sentir uma coisa sublime,
que só mesmo quem foi menino
é capaz de entender.
Esta sensação chega a doer no peito
e não tem outro jeito,
a não ser reviver.
Mesmo que seja por alguns instantes,
só para saciar meus desejos,
lembrar que ao raiar do dia,
vinha junto com minha alegria
o cheirinho de chuva com o frescor do café.
Saíamos para o terreiro,
correndo, satisfeitos
para com a terra molhada brincar.
Brincávamos de jogar peteca,
de quem comia mais o peixe,
feito na terra molhada.
E no decorrer do dia ,
quando a chuva forte vinha,
não tinhamos norte.
Corríamos para as biqueiras,
atrás das águas ligeiras
e por elas deixavá- nos levar.
Embora não tivéssemos noção,
sabíamos da emoção,
da marca que aquele momento em nossas vidas iria deixar.
Nena Barros.