AS PEDRAS DA MINHA RUA
Choram as pedras do chão,
Por não sentirem o meu pisar,
Escorregadias de tanto chorar,
Doí-me muito o meu coração.
Pedras da minha rua
Que deixei de pisar,
Como mulher nua
Que eu quero beijar.
Os pássaros sujam as pedras,
Não as poupam aos dejectos,
Acham que elas são objectos,
Que não pertencem às terras.
As elites acham que as pedras,
Não são da sua classe,
Escarram para cima delas,
Para os pobres as limparem.
Os únicos amigos das pedras
São os varredores da rua,
Que cuidam do seu aspecto,
Não as acham um objecto.
Deixei na minha terra,
As minhas amigas pedras,
Onde eu escorregava,
Numa caixa que deslizava.
Ficaram lá as pedras
Das casas que construí,
Nem as paredes trouxe,
O meu futuro destruí.
Ruy Serrano - 30.01.2019