A FALTA QUE VOCÊ ME FAZ

Levemente a brisa cicia...
No canto da sala, a cadeira vazia,
Falta alguém com um enigmático olhar,
Com uma história intensa,
Falta a amiga presença,
O sorriso escancarado,
Falta alguém ante a TV,
Assistindo as novelas,
Se vendo além da tela,
No enredo de cada ator,
Dalila; falta você,
Falta muito o seu amor,
Falta a minha mão nas suas cãs,
A prosa no café da manhã.
Que silêncio! agora, eu sinto,
A casa é um labirinto,
E eu não quero encontrar a saída,
Quero a sua vida, na minha vida,
Mesmo sabendo que não tem jeito,
Que eu não tenho esse direito,
Sua missão aqui foi cumprida,
Porem, quem vai dizer ao meu coração,
Para se aquietar, aceitar a realidade,
Se acostumar com a saudade,
Com essa dor sem dimensão?
Ele não admite,
Ah! como eu queria, que não houvesse limite,
Que a morte fosse uma ilusão,
Só que não, o rompimento é agudo,
A dor rasga de dentro pra fora,
E o meu rasurado coração chora,
Ignora a voz da razão,
É a emoção manifestada,
Nessa filha privilegiada,
Que te ama mãe, mais do que tudo.
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Dalila, minha queridíssima avó.