UM AMOR DE VERÃO

Foi numa tarde fagueira de verão

Que você apareceu em minha vida.

Piscou o olho, apertou a minha mão,

Se mostrou eufórica e atrevida.

Disse-me palavras carinhosas

Conquistando meu pobre coração.

Fez minha vida um mar de rosas,

Tirou-me da malvada solidão...

Seduziu-me, mordeu-me delicadamente,

Levando-me para o leito de amor;

Acariciou-me, desnudou-me lentamente,

Como uma fêmea sem pudor.

Perdido na sua ânsia louca

Entreguei-me ao seu querer.

Na carência da minha boca

Deixei fluir o seu prazer.

Naquele galope frenético, alucinante,

Nossos corpos suavam despidos.

E no leito macio, trepidante,

Dois jovens se entregavam desinibidos.

Ficaste triste quando eu parti

Prometendo voltar tempo depois.

Ficaste com esperança e frenesi

De saciar desejos de nós dois.

Hoje, distante da mocidade,

Lembro o passado com sofreguidão.

É impossível esquecer a cidade

Nem aquele amor de verão.