A saudade de você
Você não deveria ter ido, ao conhecer-me.
Deveria ter pedido aos anjos, a Deus!
Deveria ter ficado até o anoitecer...
Sei que é puro egoísmo meu.
Mas não deveria ter me deixado.
Deveria ter lutado mais, e mais e mais!
Deveria ter sangrado as lágrimas!
E as folhas não estariam deitadas.
O outono ainda aconteceria nos dias de março.
Meu espírito não estaria agora em pedaços.
E o inferno não se encontraria na ala leste!
Como posso reclamar de tal proceder?
Não! Não tenho esse direito.
O direito de desejar que ainda estivesse aqui
Perdão, por esse momento de fraqueza.
Sei que agindo assim, insulto a sua memória.
É que a saudade de você às vezes dói tanto!
Mas tanto! Que esqueço que já é muito tarde!
E agora não posso e nem devo, a Deus insultar!
Por não ter atendido as minhas preces,
Por nenhum instante! Por nenhum segundo!
Ter me dado a chance!
A chance de um amanhecer com você...
O que faz a saudade, está a minha porta.
Saudade essa que não conversar muito com Deus
Quando se trata de almas perdidas como a minha
Não tem dó, não se condói de sua dor.
E nos momentos mais cinzentos ela chega.
Não como uma brisa, mas como um tufão!
E talha a sua presença sem nenhum pudor
Em minha pobre alma já tão angustiada.
Despedaçando o meu coração já tão despedaçado.
Mas ainda assim,
não devo desejar a sua presença,
lamentar sua ida, de sentir raiva,
por ter me deixado sozinha
Antes mesmo de minha chegada...
Mas a saudade de você,
Ah, como é grande...
Camaçari, 21 de junho de 2018 – 20hs14min