PRETINHO, O PÁSSARO PRETO

Voa, pássaro preto!

Já que não tem mais comida.

Gasta o seu resto de vida

Cantando a flor no coreto.

Mas antes, dá-me a cabeça

Pra que eu faça-te carinho.

Posso esquecer-te sozinho,

Mas, não... não desapareça!

Vai, avoa, pretinho!

A gaiola tá aberta!

A casa fica deserta

Quando negas o teu ninho.

Nunca tardou retornar

Das idas até o quintal.

Será por bem ou por mal

A jaula a te cercear?

Amado pretinho, voa!

Enquanto as asas funcionam;

Enquanto os que o aprisionam

Gastam sorrisos à toa.

Sete, contando comigo,

São culpados do abandono.

Um pássaro não tem donos,

Deveria ter amigos.

Vontade dá de escrever-te

Outro destino diferente:

Gorgeando no infinito,

Não prisioneiro de gente;

Em que voasses, pretinho,

Sem carecer do meu crivo.

E que, quando eu retornasse,

Inda te encontrasse vivo.

Cassio Calazans
Enviado por Cassio Calazans em 03/01/2019
Reeditado em 03/01/2019
Código do texto: T6541698
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