Nos pingos da chuva
 
Noite escura, chuva fina lá fora.
Bate o coração num descompasso
sem ritmo, sem trégua,
ansiando um abraço.
 
Pegadas de ti, doce amor
chegam nos pingos da chuva,
trasbordando minha alma,
num sôfrego querer urgente.
 
São sons e suaves perfumes
a queimar minha derme,
chegando das milhas e milhas
que separa meu coração e o teu.
 
Vêm numa profusão alucinante,
bailando por mim,
fazendo borbulhas,
como água serena,
a correr no regato.
 
Embalando-me numa canção
de ninar, rítmica, suave e mágica,
afagando meu sentidos.
 
Entrego-me a este compasso,
transformo-me em cachoeira,
num momento de saudade.