Pranto guardado
Seu coração que é berço e é jazigo
de todos os amores já vividos,
de tanto que venceu, quedou vencido
por uma das paixões do tempo antigo.
Chora, pois que alguém chora contigo
a derradeira lágrima do triste:
a lágrima que teima e que resiste
em se evadir dos olhos comovidos.
Chora pelos amores proibidos,
ou por algum amor dos tempos idos,
que se perdeu nas sombras do passado.
Se não puder chorar, não tenha medo,
que a poesia guarda, em segredo,
o pranto que jamais foi derramado.