Mulato solitário
Essa companheira enxuta muitas vezes o fez chorar!
Hoje ele vive no sertão num grande isolamento
E não sabe quando vai acabar o seu sofrimento
Há muito tempo ele escreveu o seu nome
Bem bonito no pé da majestosa figueira
E escreveu também no braço da sua morena trigueira
Ao escrever no braço da sua amada,
Parecia que estava escrevendo no seu coração
Seu nome marcante, imponente, sofreguidão!
Ela era bela, morena cor de jambo
Ela não percebeu o tanto que esse caboclo a adora!
Moreno que só de pensar nela, cantando…, chora!
Por nada essa matuta foi se embora daquele rancho
Deixando no coração do caboclo muita saudade
Muita tristeza, num coração cheio de sinceridade
A vida deste matuto é como a de um passarinho,
Que cantando vive e voa faceiro!
Mas se ficar preso, fica pesaroso e morteiro
É assim que vive esse caboclo em sua querência
Só tem ela por companhia, seu velho amor e mais ninguém
Uma vida sem nada, sem amor e sem seu bem
Ele recorda sempre do tempo em que vivia alegre
Cantando com o olhar lacrimoso, mas o coração insiste
Ele é forte, é corajoso, seus sentimentos resiste
Na varanda ele passa os fins de tardes pensando na sua amada
Na sua choupana querida, de uma porta e três janelas,
O mulato passa os domingos refletindo suas mazelas
Como lembrança, traz uma saia, uma conga e um cacharréu!
Diante de tantas recordações ali debaixo da figueira,
Ele espera o sol se pôr, como se põe a vida passageira
É isso aí!
Acácio Nunes