ÚLTIMO ADEUS NA GARE *
A despedida como choco de saudade...
Choco frio, enregelante,
Congela pouco a pouco o antes,
Antes que a saudade se instale de verdade.
Estação de trem, o último adeus,
Lágrimas incontidas, lenços agitados,
Íntimo sofrer. Gare de amargores,
Frio como nunca se fez e o breu
Dominante, único, assim propagado
No coração que apenas bombeia dores.
Seus cabelos rescendiam a lavanda
E os olhos castanhos claros não riam...
Cessaram-se seus cantares na varanda,
Todos os mistérios que a divertiriam.
O casaco de pele que, elegante, trajava...
O ruído dos trilhos também a chorava...
Dedico à Titia Inaia, Maria Nair Marcondes Cabral
NOTA *: Quando titia faleceu, em 1984, meu mundo ruiu. Sempre tive extrema dificuldade de amar, mas essa tia ocupou o papel de mãe, pai, avó. Entrei em profunda depressão, que durou 5 anos. Fiz psicoterapia
e em 1989 tive esse sonho relatado no poema, marcava o fim do luto e da depressão( Mas nunca mais consegui ser feliz).
Simplesmente odeio quando alguém diz que ninguém é insubstituível, é mentira deslavada.