BOLINHO DE CHUVA
Uma das mais doces lembranças, que guardo
da infância,
vem da visão, da massa de bolinho de chuva
Escorrendo na escumadeira,
Antes de cair no óleo ardente!
Vem de um avental sujo de farinha
E de um menino esperando,
Impaciente!
“Vai queimar a mão menino”
Queima não, mãe,
é grosso o couro da gente!
Se o couro era grosso, a alma não era!
Pois a escumadeira envelhecida
Ainda recorda-me, o tanto quanto a memória consente,
dorme ela, pendurada na parede envelhecida,
dela, escorrem, minhas lágrimas
Ainda doídas, ainda quentes!