BOLINHO DE CHUVA

Uma das mais doces lembranças, que guardo

da infância,

vem da visão, da massa de bolinho de chuva

Escorrendo na escumadeira,

Antes de cair no óleo ardente!

Vem de um avental sujo de farinha

E de um menino esperando,

Impaciente!

“Vai queimar a mão menino”

Queima não, mãe,

é grosso o couro da gente!

Se o couro era grosso, a alma não era!

Pois a escumadeira envelhecida

Ainda recorda-me, o tanto quanto a memória consente,

dorme ela, pendurada na parede envelhecida,

dela, escorrem, minhas lágrimas

Ainda doídas, ainda quentes!

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 14/09/2018
Reeditado em 05/04/2024
Código do texto: T6448396
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