Minhas Meninas
Mauro Pereira
 
Eu tenho duas meninas.
Tão diversas, tão distintas. 
Uma que “borda e pinta”
Outra calada e traquina.

São duas lindas crianças
Que habitam meu passado.
Que inspiram meus cuidados
E me enchem de esperanças.

Sinto u'a saudade latente,
Ao mergulhar nesse imenso
Passado, que é tão presente,
Quando a ele volto ou penso.

Saudade quando me ponho
Nele, e lhes pego os dedos.
Saudade de ouvir seus sonhos.
E de espantar seus medos.

Saudade de dar um beijo,
De manhã, inda no leito.
Sufocando meu desejo
De aconchegá-las ao peito.

Saudade ao vê-las na pia
Lavando com mãos gorduchas.
“Com força”, esfregando a bucha.
Na louça suja do dia.
 
E quando o sono fugia
Pegava TUSCA nos braços,
Ronronava uns compassos
De valsa, e ela dormia.

PRETA, no ombro eu deitava.
Cantava u’a Ave Maria
Até que a baba escorria.
E para o berço a levava.

Entre ambas há um espaço
De duas dúzias de anos
Distância que meu abraço
Jamais cometeu enganos.

Ao cuidar minhas meninas
Usei pesos desiguais?
Claro! Claro! A vida ensina:
Que não se pode jamais
 
Usar a mesma equidade.
É justo aquele que trata
Com uma sã desigualdade,
Indivíduos desiguais".

Paracatu,10/09/2018
MAURO PEREIRA
Enviado por MAURO PEREIRA em 13/09/2018
Reeditado em 21/10/2018
Código do texto: T6447093
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