Dentro de mim
A saudade é capaz de separar dois corações
Arranco-me em pedaços dilacerados de dor
É a falta que toma todo o meu peito de ti
Ainda que esteja consciente
De que não possa pedir
Que volte para me fazer feliz e estar aqui
Meus ombros sentem o peso
Que é estar longe da sua leveza cotidiana
O não suprir do desejo me faz querer pensar
Que a vida é um vazio imensurável
A qual não me permite mais amar
Consigo tocar o que bem vejo, o que consome
Alcanço prateleiras que pertencem ao seu nome
Rasgado, digitado, criptografado
De lembranças memoráveis
Nas caixas jogadas pela estupidez humana
Meus olhos ardem pelo sentimento nobre
Já não quero mais estar ou ter de pertencer
Já não clamo mais por solidão ou por razão
Ou ser tudo que nada fui
Já não quero falar ou mesmo gritar
Seria preciso você para me fazer querer ficar
Perto das minhas mãos a esbarrar
A graça despida de mera farsa
Em qualquer canto de estultice a se esculpir
O meu amor se chama você
Por onde anda a minha saudade
Se não deixa de existir?