Absolutamente Nada Pois Os Dias São Estes
Não que eu queira,
Mas os dias são estes,
Dias de dor e de desprezo
Onde homens e feras caminham juntos...
Os relógios são os novos carrascos
E a sucessão de seus números
Podemos chamar nossos pesadelos...
Não que eu peça,
Minhas caladas orações são outras,
Pedem dias de sol e flores sem nome,
Finais felizes de inocentes novelas...
Só que os ares agora pesam,
E seu peso acaba sufocando
Mais do que qualquer outro veneno...
Não que eu não implore,
Tenho até implorado outros carnavais,
Novos abrigos para nossos desatinos
Com direito ao sono do dia seguinte...
Mas ninguém mais me conhece,
O meu rosto ficou em outro tempo,
Quanto mais distante, menos sou visto...
Não que eu não suplique,
Queria que houvesse paz entre os homens,
Brincadeiras para os nossos meninos,
Justiça em todos os cantos da terra...
Só me resta pouco a fazer,
Colocar o último sangue que resta nas veias
Em versos que dedico à você, meu amor...