Poema dos Nomes Esquecidos I
Não me lembro bem de todos
quando muito me lembro de alguns
e estes já bastam pra me fazer chorar...
Há lugares que conheceram meus pés
mas o tempo foi andando devagarzinho
e acabou nem deixando suas marcas...
Existiam pesadelos que eram sonhos
águas muitas, casas voadoras, escadas amigas
mais que os remédios mais ruins
ou as agulhas que me faziam chorar...
A insistência do meu velho era grande
ir com o tempo mau atravessar o mar
e a grande cama que acabei voando...
Era uma ponte do rio para ser atravessada
e muitas luzes acesas e muitos barulhos
e a sua grande maioria já foi toda embora...
Lembra-se daqueles suspensórios, Zezé?
ficamos tão bonitos e tão iguais e tão diferentes
para aquela esquecida festa de casamento...
O menino segurava um radinho de pilha
e o outro se despediu sob uma árvore
e uma ponta de saudade ainda dói no peito...
Eu era quase leve e andava sobre teus pés
e a escuridão daquela casa antiga e grande
povoará minhas retinas até o final dos tempos...
Assim era muitos e muitos e alguns nomes
que eu reparava em todas aquelas curvas
e nunca mais terei tempo de pedir perdão...
(Extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).