SAUDADE DE PAI
Saudade de paí é dor parida farpada, desafinada, engasgada,
deixa a gente murcho, seco, deserdado, de alma fendida,
dá vontade de não fazer mais nada, nem de morrer.
Saudade de pai fere sem trégua, faz o sol estrebuchar,
faz qualquer brisa virar o chicote do ódio.
Saudade de pai é como torneira pingando sem fim,
incomoda até na raiz, tira o gosto da boca, tira o cheiro das coisas,
atira o sorriso longe pra nunca mais voltar.
Saudade de pai é cruel, chata, atroz,
faz brotar uma lágrima pesada, enferrujada, áspera, pontiaguda,
coisa ruim que entra sem pedir licença.
Saudade de pai não tem fio da meada,
coisa traiçoeira, berro amordaçado que estoura os ouvidos,
faz a gente estragar o sumo, coalhar o rumo,
deixa a gente sujo mesmo depois do banho,
deixa os nossos ossos envergados pra sempre.
Saudade de pai é tristeza oca, pesada, grande toda vida,
coisa que não merecia viver nem por tiquinho de tempo,
espinho que nunca sairá do peito de quem amou de verdade.
Dedicada ao meu pai, Gerd Silbiger, de quem estou esperando o
"até breve, filho" há 16 anos
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