POETA É ASSIM
(Sócrates Di Lima)
Poeta é assim, devasso!
um trem descarilhado quando o trilho é amor,
Um vento forte que ocupa todo espaço,
Uma navalha afiada que se corta em dor!
Poeta é assim, um louco,
cuja sanidade esconde nas poesias,
E vai se rasgando pouco a pouco,
Como quem de triste rasga o dia!
Poeta é assim, do tipo atabalhoado,
se perde na sua mais profana dor,
se entrega de cabeça quando apaixonado,
E não se importa se vai chorar de amor.
Poeta é assim, do tipo bandido,
do tipo mocinho, do tipo fanfarrão,
Que se escanrara como se nunca tivesse sofrido,
Com as dores que provocam uma paixão.
Poeta é assim, um tanto esquisito,
Dono das tristezas e das alegrias,
A desilusão é um bicho maldito,
Que lhe cobre e disfarça em fantasias.
E como todo poeta que é poeta,
Se apaixona por uma imagem que cria,
E dela faz seu mundo na certa,
E acaba sofrendo nos versos de sua poesia.