É TARDE
(Sócrates Di Lima)

É tarde, e como toda tarde,
Parece uma tarde triste...
E ao longe meu olhar de saudade,
se entrega a algo que não existe.

E como o vento que de longe sopra,
trazendo sons de uma voz de amor,
Meu coração palpitante cobra,
Qualquer coisa que não traga dor!

Debruço então o meu olhar na janela,
como quem se dobra no olhar da rua,
A procura do sorriso dela,
Que possa continuar no cristal da Lua.

Como um barco a vela,
que no mar serena...
É a brisa que me pega na janela,
Numa tarde de solitária de triste pena!

Deixo então o vento levar,
Um pensamento em seca folha,
Que segue o Norte pra algum lugar,
Onde estiver o pensamento preso em bolha.

Quisera eu não ter esta saudade,
que de repente me pega sem avisar,
é como a escuridão que a noite invade,
Cobrindo a Lua no seu cristal brilhar.

Ai eu me pergunto sem resposta,
por onde anda aquela paixão lasciva,
Que fez-me servo e guarda-costa,
De uma vontade de amar que não era ativa!

Queria dizer-lhe tantas coisas belas,
que guardo de um amor antigo,
Como tesouro guardado por sentinelas,
Pronto para partilhar com quem estiver comigo.

E o que importa isto agora,
Se já não posso esta paixão sustentar,
Porque ela sem chegar, foi embora,
Por conta de uma corrente a lhe aprisionar.

É tarde...
E como toda tarde é carregada de saudade,
Finjo sorrir o sorriso que não tenho pra sorrir,
Justamente porque, em paixão não sei mentir.





 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Socrates Di Lima
Enviado por Socrates Di Lima em 24/07/2018
Reeditado em 25/07/2018
Código do texto: T6399155
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