Pais

Sabe, nunca gostei das atividades em família,

Sempre chatas e feitas logo cedo ao dia

Nem era por implicância da idade

Ou pela falta de entendimento de ambas as partes

Sempre foi pela fuga da cidade

Dando a eles uma folga de verdade

Dando a mim uma grande monotonia

Suas piadas fora de tempo sobre tudo

Me deixavam com mais raiva que sono

Parece que meu destino sempre foi

Passar o resto das minhas tardes

Sentado com meu pai, contando mentiras,

Ouvindo música velha, tomando chá de ervas

E quando eu falava ele por fim adormecia

Nunca dei ouvidos a minha mãe

Desde pequeno quando dizia “me acompanhe”

“não chegue tarde, escove os dentes e banhe”

Por fim, nada fazia como de costume

Odiava a grama, o cheiro do mato

as galinhas, as vacas, o pato

até o orvalho que parecia mais poético

nas descrições percorridas pelo verde sintético

mas, nada me tirava da cabeça

que qualquer outro momento que apareça

não fara com que eu esqueça

o quão bom era estarmos juntos a mesa

não sinto falta do silêncio,

não sinto falta da casa no campo

sinto falta dos sentimentos

de muitos eram tantos

a cada noite que se vai

oro sempre pelo meu pai

a saudade que me acompanha

é da falta de minha mãe pela manhã

tudo que queria era poder de novo

reclamar dos lugares, da comida,

fazê-los sentir vergonha meio ao povo

depois vê-los sorrir como se nada acontecia

sempre sentirei saudades

eternas, previas e passageiras,

ainda que há lembranças pela metade

há histórias pra vida inteira

Alves Soares
Enviado por Alves Soares em 10/07/2018
Código do texto: T6386281
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