Janelas de uma rua de outros tempos
Era uma rua onde muitas janelas
davam na calçada de frente pra lua
de modo que se uma se abrisse
dava-se ao mundo para que a visse.
As pessoas distraídas na esplanada
num relance assistiam a seus quartos
olhavam o silêncio atravessando
e nem por descuido as invadiam.
Lua na calçada, noite aguardada,
uma janela ruidosamente rindo
outra, à estrelada noite se abrindo,
na aresta, uma moça enamorada.
A cortinas cercavam o transito
que era um carro aqui outro lá
e às vezes um cheiro de jantar
vazava das frestas para o infinito.
E o guarda noturno a seu turno
só escutava o próprio apito
aflito das horas que faltavam
para acudir o seu sono que urgia.