NORD(ESTE)
No campo que passeio,
muitos pássaros estão a voar,
muitas flores em botão,
e de brinde um lindo pomar.
Os insetos, tão pequenos,
desempenham sua função.
Cava, come, leva o pólen,
e eu observo com atenção.
Na terra que já fora do meu pai,
do meu avô e bisavô,
relembro da minha mãe
em cada cheiro que emana das 'flô'.
Nessa pequena terra,
a qual depois me desprendi,
vi nascer esperança e morte,
e a sede de nunca desistir.
Minha terra, que é sertão,
agreste, arretado.
Vi resistir a tamanhas secas,
que não sobrava nem o gado.
Na minha terra, tão pequena,
a qual nunca esqueci,
estão marcados cada passo,
que fiz até aqui
.
Alguns aqui reclamam,
da minha devoção,
abrem a boca, falam grosso:
"do que adianta querer voltar pro sertão?"
Eu bato no meu peito, sentindo o íntimo,
"sou nordestino, e não vou renegar,
desde 'minino' me reconheço
e 'praquela' terra sonho voltar"
Pego a botina,
trago a vontade,
choro em casa, sem muito furor.
E peço apenas ao meu deus que cubra minha terra com teu amor.
R.K