Suplício
No meio do vendaval
minhas águias
passageiras
sobrevoam nuas.
Povoam sonhos rosáceos
da cor dos lábios meus.
Tuas garras aprumam
absortas.
A dor perdura
e inflige meu coração de cinderela.
À espera de sinais,
algumas pegadas.
Teus passos,
pés descalços
não me alcançam.
Minhas mãos vazias,
tingidas
de vinho e luz
- pousam lânguidas -
e adormecem.
Enquanto promessas ardem
em horas oblíquas
nas madrugadas longínquas.