Valsa da Dor

A chuva bate devagar

Na vidraça que sofre molhada

A húmida saudade da tua fala

As cordas da tua voz soam em mim

Como ecos de um tempo, ainda, presente

Qual valsa bailando de dor

Perdida nos balanços de uma dádiva

Entre memórias que não desfalecem,

Porque só as vãs se esquecem.

Em cada gota que escorre

Há uma lágrima que se espalha

E que o rosto disfarça

E que entre rugas se entranha

Com a força da tristeza

As palavras que largam dor

Traem a tristeza que encobre

Os dias que fogem de nós.

São sonhos perdidos entre noites de insônias

São desejos sentidos como fogo

É um poema apagado

São segredos revelados encostada a teu lado

Numa imagem que perpetua o passado

É a chuva que continua a cair

Ali do outro lado,

É a vidraça que está a fingir

Que tenho meu ombro encostado

E estou embaraçada

Porque tinha o poema apagado

E te ouço aqui a sorrir

Devagar começo a tocar

O piano a tocar

será que te estou a sentir?

E chuva há de parar

Quando teu rosto beijar

E a valsa contigo dançar

E a tristeza libertar

Num sorriso de espantar.

https://youtu.be/RTsyhgGdr8c

Iacoe Michaela
Enviado por Iacoe Michaela em 17/04/2018
Reeditado em 14/02/2019
Código do texto: T6311407
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