Valsa da Dor
A chuva bate devagar
Na vidraça que sofre molhada
A húmida saudade da tua fala
As cordas da tua voz soam em mim
Como ecos de um tempo, ainda, presente
Qual valsa bailando de dor
Perdida nos balanços de uma dádiva
Entre memórias que não desfalecem,
Porque só as vãs se esquecem.
Em cada gota que escorre
Há uma lágrima que se espalha
E que o rosto disfarça
E que entre rugas se entranha
Com a força da tristeza
As palavras que largam dor
Traem a tristeza que encobre
Os dias que fogem de nós.
São sonhos perdidos entre noites de insônias
São desejos sentidos como fogo
É um poema apagado
São segredos revelados encostada a teu lado
Numa imagem que perpetua o passado
É a chuva que continua a cair
Ali do outro lado,
É a vidraça que está a fingir
Que tenho meu ombro encostado
E estou embaraçada
Porque tinha o poema apagado
E te ouço aqui a sorrir
Devagar começo a tocar
O piano a tocar
será que te estou a sentir?
E chuva há de parar
Quando teu rosto beijar
E a valsa contigo dançar
E a tristeza libertar
Num sorriso de espantar.
https://youtu.be/RTsyhgGdr8c