CANTINHO
Vivente na beira do caminho,
Num estacionamento singelo,
Procurando construir um cantinho,
Para guarda a história de amor e de vida.
Os passageiros da viagem,
Eu e meus sonhos,
A cruzarem as estradas,
Nos ombros do destino,
No barco do viver e dos desejos.
...
Levantei ao amanhecer
Quantas vezes em lágrimas derramadas,
Que sufocaram meus desencantos,
Vitimados pelas mazelas humanas.
Gritei ao silêncio,
As matas, as correntezas das águas,
Ás abelhas da colmeia,
Como pássaro pequenino queria
Tirar as algemas dos animais que dormiam.
Sonhei que era preciso
Mudar o mundo dos homens,
Mas descobri que os demônios andavam
Mais perto deles que os meus sonhos.
Errei quando queria acertar,
E nos erros aprendi a encontrar
O caminho do sol e das estrelas,
Lançados na imensidão azul do infinito
E na esperança de beijar as flores.
Amei com eterna loucura
E perdidamente de amor vivi,
E assim sufoquei meus desejos
Presos pelas lacunas da solidão.
Falei com a saudade,
A chorar no vazio
Do silêncio das noites,
A brincar com as sombras da lua,
Preso numa fogueira de paixão e dor.
...
Mas juntei na andança,
Como os pássaros que voam os garranchos,
Para construir meu cantinho,
Que ficara preso às árvores e ramagens da vida.