Velha infância

O badalar do ponteiro é insistente

Repete seu ciclo diário sem cessar

Esperneia: “Vivas o presente!

Pois o passado não posso lhe dar.”

Porém, aceitar vosso pedido

É como admitir a falência

De um amigo querido

Que hoje choro por sua ausência.

Recordo-me de nos sujarmos na lama do campinho molhado

Após vencermos aquela partida memorável

O resultado era sempre o mesmo joelho ralado

E nossas roupas em estado deplorável.

Apesar de nossas desavenças

Éramos uma dupla imbatível

Mas, eram justamente essas diferenças

Que o tornava insubstituível.

No entanto, caro amigo, dentre tantas partidas

Apenas uma não conseguimos vencer:

A passagem do tempo e ocasiões ressentidas

Mostrando-nos que de fato, o passado deve-se esvaecer.

Por mais que insista

Apenas eu posso colocar um ponto final

Nesta visão tola e idealista

Que criei de um futuro ideal.

Um dia, demos vida a grandes heróis e guerreiros

Um dia, despertamos reinos adormecidos...

Um dia, fomos fieis parceiros

Agora, apenas meros conhecidos.

Giulianna Loffredo
Enviado por Giulianna Loffredo em 28/02/2018
Reeditado em 02/03/2018
Código do texto: T6266871
Classificação de conteúdo: seguro