De volta ao nosso convivio do Recanto reeditando aluns textos. Começarei a pagar minhas visitas e desculpem o atraso. Um abraço galerinha do bem querer
AMAZONAS
Do piar sonoro do inhambu
Ao canto melódico do sabiá,
No grasnar faminto do jacu
O canto mavioso do irapuru,
Fazem toda a mata acordar.
Uma borboleta voa silente
Em cores vivas e brilhantes,
Fazem sair da minha mente
Versos que formam repente
Facetados como os diamantes.
O rio grande em corredeira
Nas pedras no tempo polidas,
Fazendo uma grande zoeira
quando salta num cachoeira
com a força da sua investida.
E as águas vão se ajuntando
Nos igarapés que vão alagar,
A mata que vai sustentando
A vida que ali se procriando,
Manterão a vida do rio mar.
Mestre Jacõ veio e mostrou como é a condição real hoje da nossa amazonia com estes versos de reedição que veio abrilhantar os meus versos e que eu agradeço de coração. Um obra magnifica do nosso mestre que é do Nordeste e quem é do Nordeste conhece e sabe muito do Norte.
17/01/2018 15:10 - Jacó Filho
FLORESTA AMAZÔNICA
No universo, com a terra tu raiaste,
tua beleza, tua força e tua vida,
cada flor e cada espécie que criaste,
numa cadeia crescente e sem medida,
sem cansaço, sem parada tu chegaste ...
pra viver um século vinte genocida...
Na serra dos Bocós, de sobre um monte,
num êxtase total, num prazer quase profano,
contemplo tua face espalhada no horizonte...
Tua mata fechada, mais parece um oceano.
O sol declina e aos poucos se esconde
e de dourado, o teu corpo vai pintando...
A união do teu verde e o azul do céu
numa aquarela do artista verdadeiro,
um diploma, obra de um bacharel,
num embrulho feito por um joalheiro,
enfeitado com abelhas, flor e mel...
És presente para o povo brasileiro...
Deus nos deu esta fonte de riqueza
mas cegou os dirigentes do país...
Os poetas pregam e cantam tua beleza...
Ecologistas mostram a lei, mas sem juiz...
O mundo chora e roga vida à realeza,
e a negligência te transforma em infeliz...
O homem teve séculos e exemplos,
para aprender a sentir o teu valor...
De repente a razão num epicentro,
o transforma num ser devastador...
Hoje te vejo morrendo e não agüento,
e falo ao mundo sobre teu grito de dor...
A tua força e imponência encandecia
os olhos mais espertos e matreiros...
Imagine se alguém perceberia
a imprudência dos nossos garimpeiros...
Os minerais como ouro e pedrarias,
os transformam em bichos carniceiros...
Os toureiros, vítimas e destruidores,
não pensavam que tua mata ia ter fim...
Mas por trás, um exército de doutores,
exportando mogno, cerejeira e em fim,
coordenavam moto-cerras e tratores
e esmagavam canafístulas e alecrins...
Quase com delicadeza tu és penetrada,
enquanto gritas pela pátria adormecida...
Friamente mais uma virgem é estuprada,
numa relação, sem amor e dor estremecida...
Perdes a vida, pra nascer mais uma estrada...
Neste jogo sem regras, tua sorte foi vencida...
No princípio como toda inocente,
a tua imagem não parece molestada...
Todos agem de maneira indiferente,
como impotentes, inocentes, ou nada...
Derrotada por quem age impunemente,
gradualmente tua vida é devastada...
Pouco a pouco a ganância te desnuda,
e no céu a MATA ATLÂNTICA também chora...
Um exercito de feridos pedem ajuda...
Castanheiras, buritis, índios, fauna e flora...
O IBAMA, sem recursos, nem perturba
esse câncer que aos poucos te devora...
O descuido do inocente fumador,
no teu corpo ressecado de mautratos,
abre mais uma ferida e sem doutor,
vai queimando o que resta dos farrapos...
Dez mil vezes o satélite registrou...
Nós cobramos, mas não vemos resultados...
Sem o filtro natural, a própria mata,
e a sujeira que quem faz não admite...
Quando o homem em teus rios o ouro caça,
e pra comer, vai pescar com dinamite...
Alimenta a poluição e nossa desgraça,
e a fumaça deixa nosso céu mais triste..
O mercúrio misturado em tuas águas,
e a lama que remove os garimpeiros...
O desperdício, o descuido e minha mágoa,
são tão grandes que não sei qual o primeiro...
Quantos gritos de alerta, quantas tábuas...
Quantos índios já morreram no terreiro...
Se o estrangeiro nos alerta do perigo,
dizemos que fere a nossa soberania...
Quando o índio reclama seu abrigo,
dizemos que já foi errante um dia...
Quando a natureza grita com castigos,
cada um diz simplesmente: Eu não sabia...
Acabamos com o ar que respiramos...
Exterminamos as floradas dos ipês...
Poluímos o rio onde pescamos...
O índio não tem mais onde viver...
Um estranho genocídio praticamos,
ao pregar-te na cruz para morrer...
odos os dias essa sena se repete
e esse ser que se diz racional,
não estuda, não escuta e não reflete,
qual o fim dessa floresta tropical...
Cada um sabe o dever que lhe compete,
mas não preserva essa riqueza natural...
No instante em que o homem descobrir,
que é um suicídio matar a natureza,
certamente o universo vai sorrir,
fauna e flora ressuscita com beleza...
Poderemos finalmente permitir
que nossos netos desfrutem tal riqueza...
Algum dia no futuro, um cientista,
vai mostrar nossas florestas no papel,
vai dizer o que dizemos e salta às vistas...
Vai mostrar o índio morrendo ao léu...
Vai dizer que não fomos estrategistas...
E receber o prêmio nobel por troféu...
Reedição)Parabéns! E que Deus nos abençoe e nos ilumine... Sempre...
Para o texto: AMAZONAS (T6228514)