Diálogos da distância
Ela, num distante lugar:
Findou novembro,
seus olhos me vêem no escuro,
sei que escreves sobre nós,
poesias de um tolo mentiroso,
um lúgubre sedutor,
um poeta apaixonado,
rememorando cada música,
segurando nos dedos nossas juras,
palavras que me faziam tão bem,
acalentavam cada noite vazia,
quando o vento da madrugada assoviava,
as estrelas se escondiam entre as nuvens,
era você meu Dom Quixote errante,
minha cotovia disfarçada de Romeu,
doces sonhos que terminariam ao nascer do sol...
Ele, num lugar mais distante ainda:
Novembro se foi,
e você continua em meus pensamentos,
lua que atraiçoa sentimentos,
silencia quando precisávamos de palavras,
barulho aprisionado em uma caverna,
onde sombras e luz brigam contra a fogueira,
sou seu filósofo de um conto platônico,
um estrangeiro em território conhecido,
quando dormes, sei que é comigo que sonhas,
quando sorri, sei que é em mim que pensas,
dama de veneno e cura me açoitando,
deixe-me manter-te comigo,
cantarei trovas de amor,
dedilharei as melodias que te embalam,
enternecido que estou sempre por ti...