HÍMEN DE AÇO

Saudade é gota que não cessa,

não destrilha,

não esquece o caminho de casa.

É fardo de iceberg,

que a gente leva às coisas chicoteando, zanzando, zanzando,

pisando firme no chão só pra ele se zangar.

Saudade é doce insosso, grudento,

cheirando a desdém misturado com que pena.

Saudade é porção descabida, desafinada, destroçada,

desbocada,

pérola aflita de um ventre bastardo,

voz surrada atolada nos vãos aflitos da fé.

Saudade é luz torta, fogo morno, hímen de aço,

que levamos cravados nos rincões bandidos da gente,

como rastro fugido de algum qualquer,

como carrasco eterno que nunca se cansa.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 20/11/2017
Reeditado em 20/11/2017
Código do texto: T6177498
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