O que é você?
Quando lança esse olhar
vertical sobre o horizonte.
O que é você?
Dentro da fauna humana.
Rugindo feito fera.
Gemendo feito gente.
Ganindo feito cão doente.
E costurando o tempo nas
passadas e no caminho.
O que é você?
Onde lhe encontro?
Nos cruzamentos?
Nos enigmas?
Nas palavras em versos.
Nas rimas imaginárias.
No silêncio interrompido
pelas badaladas da igreja...
O que é você?
De onde retira tanto significado?
A essência que adentra ao ambiente.
O ente que inunda o corpo.
E, transpira.
Transborda.
E, transcende.
O incenso a perfumar a reza.
A catedral a rodear o sagrado.
O ritual a bailar entre os astros.
Estrelas.
Nuvens.
Eclipses.
No signo está a tatuagem encriptada.
Há um dragão dormitando
entre labaredas e guerrilhas.
O que é você?
Que espelha sua figura
dentro de minha visão.
Que espelha tanto desejo.
O desejo de querer imensamente.
O desejo de despir imediatamente
Das ilusões.
Das vestes.
Da fogueira das vaidades.
Talvez jamais saberei ao certo.
A dimensão, o perímetro
e o tamanho...
O infinito inserido no finito da vida.
A medição...
Tangível as mãos.
Palpável à poesia.
É o significado de tudo.
Ou um pedaço de tudo.
Da persona revestida
de saudade.