Deprecação
Aonde estás? Por que tal silêncio voraz? Por que foste embora?
Faz dois anos que a tua luz se apagou no céu de nossas vidas,
E eu quero colher de novo o teu sorriso e o teu olhar de outrora,
Quero a voz dos teus sonhos a nos acalentar, minha irmã querida.
Saudades do amor que nos abrandava na simplicidade de tua aurora,
E tantos amigos, irmãos, mães e filhos prantearam a tua repentina ida!
A ausência da meiga flor que em nosso seio ainda existe e chora,
Quando os tristes olhos querem enlaçar a tua alma desaparecida.
Torpe pecado e vil crime foi a tua morte, ó minha mitológica Pandora,
Derramando rios de lágrimas e de saudades nos cumes de cada hora.
Legaste a virtuosa e dolorosa esperança na basílica que em vão implora
Um adágio isento de epitáfios onde a ventura e a bonança nos sejam devolvidas,
Uma petição pelos despojos vivificados de tuas pisadas e risadas ressarcidas,
Uma prece que nos traga ao nosso lar o teu ser e a tua essência evolvida.
Gilliard Alves
Acaraú, 14 de outubro de 2017